NAVE

NAVE

Se a combinação de música pop com pista de dança lhe diz alguma coisa, e você morou em Salvador nos anos 2000, certamente ouviu falar ou esteve na festa Nave. A ideia era simples: trazer para pista canções que dançamos sozinhos em casa quando ninguém nos vê. E num ambiente coletivo onde ouvir “aquela música” virava celebração, farras regadas a bons sons, de um rockabilly dos anos 1950, passando por hits radiofônicos, lançamentos do pop até o remix exclusivo do hype do momento.

Criada por Jan Balanco (DJ Janocide) e Luciano Matos (DJ El Cabong), o primeiro voo da Nave decolou em 21 maio de 2005 da saudosa Miss Modular, casa que marcou época em Salvador por conseguir programar com alta qualidade rock, eletrônica, pop e jazz no mesmo local. A festa cresceu rapidamente passando a ocupar os dois andares da casa. Tornou-se uma noite mensal para reencontrar amigos, conhecer novas pessoas, e, sobretudo, dançar até o sol raiar.

O formato reunia alguns elementos especiais que ajudaram no sucesso, que não se resumia a ter DJs tocando noite adentro. Era uma época rica em que estavam se estabelecendo comunidades na internet brasileira, e a Nave utilizava redes sociais como Orkut e Fotolog para integrar o público para além da pista de dança.

Os frequentadores contribuíam com sugestões de temas especiais, pedidos de músicas e até discotecando. Isso mesmo, a festa costumava abrir espaço para DJs estreantes, promovendo o surgimento de novos talentos.

A existência da Miss Modular foi intensa porém curta, e com seu fim a Nave precisou fazer pousos forçados em diferentes espaços da cidade como Zauber, Seven Inn, Las Margaritas, Santa Maria, entre outros, até encontrar  em 2007 um novo porto seguro na Boomerangue. Com duas pistas e conceito alinhado à festa, tornou-se endereço permanente. Foi certeiro. A Nave cresceu e se estabeleceu como referência, não apenas em Salvador mas no Brasil, pela difusão das novas bandas que explodiam naqueles primeiros anos do século 21, e por promover a circulação de DJs. Passaram pela cabine Lucio Ribeiro (Popload), Pitty, Miranda, Érika Martins (Autoramas), Dani Hyde (Poa Roque Town), Bezzi, Gente Bonita, Bruno Nogueira e muitos outros.

Mas acima de tudo a principal marca da Nave era a música. O repertório de rock e pop era marcado por diversidade, reforçado pelos DJs convidados: indie, pop, funk, soul, electro, surf, grunge, lo-fi, shoegaze e rock and roll, de hits a desconhecidos, de clássicos a novidades, eram muito bem selecionados para alimentar as caixas de som. Do novo disco do Strokes a Madonna, de Daft Punk a Chuck Berry, de Pixies a Stevie Wonder.

O sucesso e longevidade da Nave fez mais pessoas acreditarem no potencial de Salvador para baladas fora do padrão. E como a Nave acontecia apenas uma vez por mês, os diferentes públicos que compartilhavam o mesmo espaço começaram a inventar suas próprias festas. Assim nasceram as auto-assumidas “filhas da Nave”, festas criadas por frequentadores regulares, mas com focos mais específicos. A primeira foi o Baile Esquema Novo, até hoje a festa de música brasileira mais bacana da cidade. Em seguida a Top Top, que se destacava por ser feita por mulheres e para mulheres. Mais voltada para as vertentes mais eletrônicas da música pop, a Boa Noite se destacava por antecipar tendências. E alguns anos depois A Bolha passou a reunir residentes da Clash (João Pessoa-PB), Top Top e da própria Nave para noites especialmente dedicadas ao rock.

Em 2010 Jan decide morar em outra cidade, e após 5 anos de atividade ininterrupta e mais de 60 eventos realizados a Nave desligou os motores. Luciano e Jan porém seguem trabalhando com música, o primeiro como jornalista musical no site el Cabong e um dos responsáveis pelo Radioca (programa de rádio, festival e podcast), e o segundo como curador de programação do Sesc São Paulo.

Agora arrasta o sofá, apaga a luz da sala, põe nossas mixtapes para tocar e aumentar o som que estão todos convidados para festa. E como o lema da Nave pregava desde o início: são permitidas mãos pra cima, palminhas na pista e passinhos desengonçados!

MIXTAPE | SEXTA E SÁBADO | 22H

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